domingo, 8 de março de 2009

A pessoa espera.

Os acontecimentos nem sempre se distribuem parelho pelas épocas. Às vezes se amontoam, às vezes simplesmente não acontecem, nos fazendo esperar por qualquer coisa, na linha, quase com musiquinha de elevador. Não foi o caso dessa semana, que deixou os meus pacatos últimos dias com inveja de tanto tumulto e movimento.


Eu e a Garota I – Quinta-feira
Lembro da primeira vez em que nos falamos, foi por telefone. Por ali nós duas sentimos algo fácil, um contentamento do outro lado da linha, uma vontade de conhecer mais da outra. Pouco depois nos encontramos e achei precipitado quando, já na casa dela, ela me surpreendeu dizendo que não queria mais procurar ninguém, que eu era a pessoa. Eu sentia poder dizer o mesmo naquele exato instante. Mas não disse. Prudente, falei que a procuraria na segunda. Que eu a procuraria. E na segunda.

Eu e a Garota II – Sexta-feira
Mal nos conhecíamos e ela já me enredava em algo mal resolvido. Quando disse que queria conversar comigo, aquele tom me arrepiou a espinha. Ela disse ter alguém, que não tinham dado certo e que pra ela estava acabado. Pergunto se a pessoa estava a par disso, ela me respondeu que mais ou menos, mas pra eu ficar tranqüila, que era eu quem ela queria e que, naquele final de semana mesmo, ela iria terminar tudo e então me ligaria. Aguardo, então, mas, por favor, não me procura enquanto isso não estiver resolvido, eu disse. Não me ligou até agora.

Eu e meu amigo Oko – Sábado
Estamos nos debruçando sobre tacos caseiros - carne seca, molho apimentado, verduras e feijão mexido saltando para os lados - quando ele recebe uma mensagem do atual rolo: não queria dizer por mensagem, mas é que não encontrei outro jeito. Preciso te dizer somente que tenho medo de te perder, que és alguém muito especial e que eu quero que tu te abras comigo, converses, quero te ouvir. Sei que combinamos de não nos vermos ou nos falarmos por um tempo, mas não consigo, quero te contar das pequenas coisas, me liga. Fiquei tocada com a angústia da menina e disse que se ele não queria discutir a relação àquela hora da noite, que ao menos enviasse uma mensagem dizendo que ligaria no dia seguinte, afinal, enquanto comíamos tacos, ela certamente comia o telefone com os olhos, esperando dele um barulhinho de chamada. Eis que, terminado meu sermão sobre paixão e ética, também eu recebo uma mensagem da Garota I, que não conseguia esperar pela minha ligação na segunda-feira: oi, sou eu, me liga. Preciso muito falar contigo. Oko olha pra mim com ar de deboche, como quem diz, hmm, também tu, eternamente responsável por aquilo que cativas?

E assim estou eu, nessa trama de espera, ansiedade, rompimentos e possíveis relações. Nunca imaginei que procurar apartamento pra dividir o aluguel envolvesse conquistas, cuidados e expectativas desse jeito. Ai, apartamentos e apartamores... Quanta pressa em não perder a pessoa certa. Será que tem como rimar pressa com pessoa certa?

4 comentários:

Super disse...

imagina um apertamento em apartamores
um apartamor num apertamento
tem que ter muito amor
ou muito nada
e manda um beijo pro oko e seus tacos picantes

alice disse...

humm... fiquei curiosa.
quem é oko? quem é a garota?

sei lá, sei que eu rimei apartamento com apartamor sem pressa nenhuma.

carilevi disse...

apertamor. apertamesmo sem dor,
nem eh certa a minha certeza.
e porque tu tambem nao aceita a minha certa duvida de que a minha aposta pode ser a mesmo que a tua?
assim ganhamos juntos e (nao) esta tudo acabado.

Super disse...

envolve. ah, envolve. talvez não todos, mas acontece em especial com esse apartamento e essa apertamor ;)