quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Alan Pauls - escritor argentino - pergunta:
O que as mulheres fariam se não mais existissem os homens?

Alan Pauls responde:
Fariam o que sempre fizeram: os inventariam.


(...)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Batata e a Menina

Menininha ao dormir
Coloca as mãos no coração
E a batatinha ao nascer
Fica só rolando em vão

Ladainha quando dita
Me dá sono, não tesão
Menininha troglodita
Usa salto e vai ao chão

Batatinha tá queimada
Muito tempo no fogão
Menininha com insônia
Se esparrama no colchão

Batatinha pega fogo
Agora é tarde, virou carvão
Menininha alucinada
Se descobre com a mão

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Papel higiênico Grenal

Não é porque eu sou a única a achar uma idéia genial que ela deixa de sê-lo. Talvez o mundo não esteja preparado pra tamanho paradoxo e arrisco a jogar ao vento, pra quem se dispuser a levar isso adiante, o que talvez tivesse sido minha única oportunidade de enriquecer com uma idéia patenteada: o papel-higiênico com os símbolos do inter e do grêmio. Espetáculo remover os resíduos fecais com o time rival; na minha casa, só entraria o papel-higiênico do inter. Torcedores sem a malícia desse jogo sujo não conceberiam a permanência de um símbolo intruso em seus lares e só consumiriam o papel-higiênico do próprio time, assim como aqueles atentos somente à compra de artigos que desse retorno financeiro ao clube do coração. Quanto aos assessores de marketing da dupla grenal, esses estudariam tal proposta de risco confusos, receosos ou sem levá-la a sério. Eu acharia linda toda essa nossa dúvida, o business tem que passar por isso.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

só brevoando


“Da liberdade dos Antigos comparada a dos Modernos”, Conferência de Benjamin Constant, Paris, 1918. Aqui ele retoma a liberdade dos gregos (antigos) de participarem diretamente das decisões políticas, prática que convocava e produzia uma identidade coletiva, um investimento de energia e de tempo pra tal exercício.
Em contrapartida, a liberdade dos modernos diz muito mais da autonomia, dos direitos de ir e vir; o desenvolvimento da indústria e do comércio e a sociedade sem escravos se engrenavam à complexificação das relações. Ganhar e cuidar da própria vida se impunham como necessidades, e poucos tinham de tempo pra se ocuparem dos assuntos públicos. Dessa incompatibilidade, temos a democracia representativa.
E como essas liberdades se atravessam em cada vivente no contemporâneo? Se ele recicla ou não o lixo, se adere ou não à greve (ainda com ameaça de corte de salário), se é a favor ou não da legalização da maconha, nossa posição quanto a fumar em locais fechados. Alguém vai ao seu Conselho Local de Saúde participar das decisões referentes aos recursos do SUS? Esse testezinho da Revista Veja, pra confirmar se és liberal/conservador e direita/esquerda, pode disparar pensações sobre tudo isso: http://veja.abril.com.br/idade/testes/politicometro/politicometro.html
Pero bueno, uma liberdade de participação voltada aos interesses públicos recai, nos nossos tempos, prioritariamente sobre os direitos: de educação, de terra, de salário... Curiosamente, reivindicações indissociáveis de uma caminhada hedonista, moderna, individualista. E como a internet – e suas produções descontroladas de verdades e de ir e vir - se conjuga com essas liberdades? Não sei, sinto uma necessidade de invenção aqui. Talvez uma terceira liberdade e talvez liberdade nem seja mais o nome pra pensar e propor um modo de operar que dê conta das nossas coisas de hoje. Isso foi um sobrevôo no tema e um convite à continuação. Melhor ainda se for numa mesa grudentinha de bar.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Molho Donnassolo Beschi

Um dente de alho frito na manteiga mais cebola com açúcar, que espera enquanto o tomate se pela pra ser picado - miúdo. Depois dele, gorgonzola, sakura (não pode ser o light), tabasco, nata (se não tiver, vai o requeijão mesmo), folhinhas de manjericão rasgadas na hora e um bom vinho tinto derramado na panela. Vai muito bem com penne integral. Delícia!

Parnasianos

Parnasianos ensandecidos, loucos de linha reta. Deliram perfeito a arte de talvez ser poeta. Pára, odeia e copía. Imita torto o que não te agrada, não respeita a simetria, abusemos da frustração que cria, desvia, mia, ecologia. Viva a incompetência que me dá o aval de não dever poesia.

trecho

Os ruídos da casa ficaram altos e não se disfarçavam mais de alucinações noturnas. Lutava contra a cama morna que lhe aconchegava pela manhã. De olhos fechados e pijama sereno, regulou o chuveiro à temperatura do último sonho. Escolheu no rádio a música do banho e, após alguns segundos de cabelo encharcado, o infortúnio já naquela primeira hora: a Voz do Brasil. Escolher às 7h40min: tomar banho ao som de algo que lembrava tanta falta de escolha ou transformar o chão do banheiro em aguaceiro para alcançar o aparelho. Secar-se jamais! A toalha já rala deveria ter a dignidade mínima de recebê-la seca ao fim. Tomou um banho covarde com notícias de Brasília. Tomou um banho mudo, descontente com o final.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Ainda tateando destinatários
Pra depois apalpar, bulinar
Mas ainda tateando destinatários
Engravidá-los também seria uma boa