terça-feira, 28 de julho de 2009

Ontem. Ontem eu caminhava pela Gonçalo de Carvalho. Porto Alegre, acúmulo de anos. Eu, 23. Casas antigas, grandes e charmosas. Uma senhora no para-peito. Boa tarde. E pergunta se estou olhando a casa dela, logo me dizendo que eu fazia bem em estudar, pois aos 90 anos, aos 90 anos é triste. E penso então, “ah, a senhora também acha?” Penso isso, mas digo séria “é?”, pedindo, descaradamente, para que me contasse mais daquilo (“me fala do que sinto”). E me fala - aquela velha que se via, foi bonita – como foi feliz com seus dois maridos, que teve três filhos, mas que a perda desses homens se resumia naquele momento do para-peito de estar só e infeliz (“ah, a senhora também?”) com a sua porção de anos. Conta da rua, dos vizinhos que conhece, dos filhos e dos maridos uma outra vez. Digo com um nó que quero ter uma vida como a dela. Ela diz então, olhando pra cima, com o olho azul-cinza: “ah, sim, eu fui feliz”. E eu penso “É, a senhora também”.

Um comentário:

alice disse...

a vida, ah, a implacável força da vida.