segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

só brevoando


“Da liberdade dos Antigos comparada a dos Modernos”, Conferência de Benjamin Constant, Paris, 1918. Aqui ele retoma a liberdade dos gregos (antigos) de participarem diretamente das decisões políticas, prática que convocava e produzia uma identidade coletiva, um investimento de energia e de tempo pra tal exercício.
Em contrapartida, a liberdade dos modernos diz muito mais da autonomia, dos direitos de ir e vir; o desenvolvimento da indústria e do comércio e a sociedade sem escravos se engrenavam à complexificação das relações. Ganhar e cuidar da própria vida se impunham como necessidades, e poucos tinham de tempo pra se ocuparem dos assuntos públicos. Dessa incompatibilidade, temos a democracia representativa.
E como essas liberdades se atravessam em cada vivente no contemporâneo? Se ele recicla ou não o lixo, se adere ou não à greve (ainda com ameaça de corte de salário), se é a favor ou não da legalização da maconha, nossa posição quanto a fumar em locais fechados. Alguém vai ao seu Conselho Local de Saúde participar das decisões referentes aos recursos do SUS? Esse testezinho da Revista Veja, pra confirmar se és liberal/conservador e direita/esquerda, pode disparar pensações sobre tudo isso: http://veja.abril.com.br/idade/testes/politicometro/politicometro.html
Pero bueno, uma liberdade de participação voltada aos interesses públicos recai, nos nossos tempos, prioritariamente sobre os direitos: de educação, de terra, de salário... Curiosamente, reivindicações indissociáveis de uma caminhada hedonista, moderna, individualista. E como a internet – e suas produções descontroladas de verdades e de ir e vir - se conjuga com essas liberdades? Não sei, sinto uma necessidade de invenção aqui. Talvez uma terceira liberdade e talvez liberdade nem seja mais o nome pra pensar e propor um modo de operar que dê conta das nossas coisas de hoje. Isso foi um sobrevôo no tema e um convite à continuação. Melhor ainda se for numa mesa grudentinha de bar.

Um comentário:

alice disse...

pode ser numa caminha fofinha? com o ortega fazendo companhia?
fácil fácil confundir liberdade com individualismo, ou, no mínimo, grudá-los. Reeditar os gregos, ao nosso estio: talvez seja e sse o desafio, se quisermos, é claro, botar o corpinho e o pensamento pra funcionar. Afinal, grudar liberdade e livre arbítrio é preguiça demais.