quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Aconteceu

Porto Alegre, bairro Petrópolis, duas da madrugada, novembro de 2008. Moiçola, sozinha em casa, escuta barulho insistente de metal no seu jardim. Abre a janela, avista homem tentando arrancar a caixinha do correio.

Moiçola, da janela, com medo:
_ Ô! O que tá fazendo??
Homem só levanta os olhos para fitá-la sem se distrair da tarefa; volta a olhar pra caixa.
_ Ô, o que ta fazendo com a minha caixa de correio, rapá?
Sem interromper o que fazia:
_ Tô pegando...
Com menos medo e mais vontade de puxar papo, qualquer que seja ele:
_ Por quê?
_ Tá estragada...
_Estragada porque tu tá arrancando, não tava estragada antes.
_ Tava sim!
_Não tava não!

Silêncio

_ O que tu vai fazer com essa caixa?
_Vou vender.
_ Mas é minha, podia ter pedido, porque não pediu?

Deu de ombros.

_Quer saber, agora tá estragada mesmo, leva, pode levar.

Pela primeira vez pára de fazer o que estava fazendo:

_ Não.
_ Não o quê?
_ Não vou levar.
_ Vai levar sim, estragou, agora vai levar, quero que tu leve! Agora não quero esse negócio estragado.
_ Eu não! Depois vai dizer que fui eu que estraguei.
_ Mas foi mesmo! Ô, volta aqui, ô, agora vai levar, quero que leve, ô rapá!

2 comentários:

alice disse...

aposto que a moçoila vive de apostas. apostas em vidas. apostas em encontros. simples assim, sei lá se vai ser bom ou ruim, mas a gente aposta. vai que rola uma correspondência.

carilevi disse...

eu nao acredito que aconteceu!!