A turma do colégio estava reunida depois de cinco anos pra ver um de nós pegar o canudo. Terminado o hino e... incrível! Ninguém bateu palmas. Pela primeira vez, eu testemunhava o fenômeno. Eis que o Mano, como dando vazão a uma gargalhada proibida de colégio, dá só aquela única palmadinha, suficiente para autorizar e levar ao êxtase as mãozinhas frenéticas, agoniadas com os segundos de contenção pela etiqueta de não se bater palmas depois do hino. Foi a consagração do Mano, que pôde gargalhar alto do desfecho esperado sem ser ouvido, tamanho o barulho do alívio naquele auditório. Etiqueta mais maluca essa, não? Igual àquela de não poder fazer vassourinha no prato (empurrar a comida para o garfo com o auxílio da faca), pois a vontade de fazer o que parece até instinto supera em muito qualquer transtorno que possa ser produzido com o ato proibido. O argumento que mais se acomodou a esse meu questionamento (por que passa todo o brasileiro a respeito das palmas depois do hino) foi o do professor Dallari - Direito, USP. Diz ele que aplaudir o próprio hino é o mesmo que aplaudir a si mesmo, como uma autolouvação exagerada da pátria. É... falando assim até que soa inoportuno mesmo, mas será que se trata disso...? Não sei não, sou muito mais simpática às pessoas que, no afã daquela melodia orgasmática, se rendem às palmas e assobios, do que àquelas que reviram os olhos de constrangimento pelos outros sem nem saber por que “não se bate palma”. Bem coisa de emergente mesmo. Enquanto eu... Bom, eu sou do tipinho que não bate palma, que sorri quando as pessoas se permitem fazê-lo e que escreve um post no blog sobre isso; bem o tipinho.