sábado, 3 de julho de 2010

imperfeito

Foi no mesmo dia e impressionante. Ela percebeu. Podia imaginar que, enquanto ele falava, se dava a fazer imagens de boca por tudo: gengiva, odor, líquido, tecido todo vivo, ritmado, que tremia imaginando pele de dentro, molhada, cardíaca. Falava ele, pensava ela, ouvia fonemas, sem obrigação aos sentidos, entendia nada, que falava, que dizia? sabia nada, cerração de maresia, pêlo em alvo, distração, ele sabia, ela em verbo, ele sentia, e pousavam bem onde estavam, falando das coisas como se fossem os outros com quem travavam, na sala, de meias, de amigos, disfarçados de antigos, no vinho que bebiam, a pergunta se fazia.

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