domingo, 26 de setembro de 2010

The Doors

Quando se abusa, quando se usa; as portas da percepção* se abrem nos estados alterados de consciência e experenciar o mundo de uma maneira muito melhor que a recorrente, seduz-nos muito. Ao ponto de algumas pessoas optarem por viver mais tempo nessa promessa de melhores relações com coisas e pessoas do que na vida de maior lógica organizada.

As portas da percepção se abrem e nos levam a próximas portas se soubermos passar por aquela sala inebriante, vertiginosa e fantástica. Quando conseguimos transpor e resgatar a potência dessa sala para momentos de química existencial regular (estados não induzidos de consciência), então a substância psicoativa cumpriu um papel que, para nós, parece interessante: nos fez experimentar algo novo, algo que produziu diferença de nós mesmos, algo que carregamos para a nossa vida. Nossa vida! Há de se lembrar dela, senão a perdemos na busca da primeira visita à sala inebriante, vertiginosa e fantástica.

*As Portas da Percepção, de Adous Huxley; inspiração para o nome da banda The Doors.

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Não parece fazer juz à complexidade das explicações dizer que nunca se sabe quem está ou não predisposto a aniquilar seu repertório de prazer e se hipnotizar doentiamente pela substância. Digo, não pelo fato de nunca sabermos sobre como as pessoas vão se comportar, digo por essa noção de "predisposição". Predisposição foi um nome eleito para dar conta, provisoriamente, da injunção estrato orgânico/estrato experencial, mas o termo ainda nos remete a uma força causal. Não que ela não se manifeste de fato, mas ela predomina no sabor de "predisposição". Então, há de se inventar ou resgatar de algum território dos signos e significados outro termo, outra palavra pra dizer de uma dupla manifestação que interaja nas suas dimensões: carne e experiência. Predisposição, probabilidade, tendência: signos que nos dizem do nosso desejo de prever e controlar virtualidades. Necessário talvez à sobrevivência, limitador de fato da consciência.




Um comentário:

Super disse...

esse mundo, esse mundo cheio de excessos, esse excesso de estímulos produz um filtro que por defesa fecha a percepção. pra que a pessoa consiga se concentrar, estudar, trabalhar. talvez o maior mérito da substancianão seja abrir percepções, mas deixar de lado o foco.
PS: "deopsia", pede o blogger